domingo, 15 de fevereiro de 2009

Quartetos para Sá-Carneiro

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A moldura do espelho é ouro
Quadriculando as reticências...
Projeção de mim para o outro —
Dispersão ancestral de retinas.

Taciturno trovador a pensar
Perdido nos salões de si mesmo.
Pilastra incapaz de sustentar
Um sentido perdido ao esmo.

Desconstrução mobiliada do eu,
Nova decoração de Portugal.
Finda a catábasis d’Orfeu,
Bebeu veneno à provençal.
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Um comentário:

  1. O autor Mario de Sá-Carneiro foi a principal descoberta de minha passagem pela Cátedra Padre António Vieira de Estudos Portugueses. Já havia ouvido falar dele no CD Público, da Adriana Calcanhotto, onde ela musica "O outro", mas nunca tinha tido a oportunidade de investigar melhor a sua obra.

    "A Confissão de Lúcio" é uma prosa sensacional, que estende o clima de seus poemas para uma novela mais longa, onde podemos notar a recorrência dos mesmos assuntos: a dispersão do eu, os espelhos, a amizade com outros escritores...

    Nesse poema quis fazer uma homenagem a esse grande poeta português.

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