sábado, 14 de fevereiro de 2009

Jardins

.
I

A embromação das bromélias
cintila. Senti-la é coisa de
inseto. Exceto quando estamos
juntos, no junco... Fujo, urge
algo em mim, um ungüento!
Sim, por fim o estorvo, o retorno
às bromélias, a eterna embromação
das bromélias que cintila.


II

O delírio dos lírios:
Lançar folhas como
lanças verdes que vertem
laterais, perfilam o tempo-
espaço fincando o compasso
da ferida de onde se levanta
seu propósito (uma leucócita
flor branca


III

Não fosse o querer tudo
ao mesmo tempo
das abelhas que voam
de flor em flor
talvez não houvesse
a primavera
.

2 comentários:

  1. Este poema é um reflexo direto de duas influências: a segunda oficina de poesia do professor Paulo Henriques Britto e o tempo que passo em minha varanda com minhas plantas.

    Da oficina, veio o contato com uma turma maravilhosa. Nessa época lembro da influência botânica que o estudo da obra da Cláudia Roquette-Pinto exerceu na Isabel Diegues, o que acabou me influenciando também.

    O jeito Luiz Coelho de cortar os versos também está aqui — se bem me lembro ele também me ajudou a trabalhar esses poemas aqui em casa. A divisão em partes I, II e III lembra a forma como o próprio Paulo Britto divide os poemas de seus livros.

    E, por fim, a inusitada palavra "ungüento", com o finado trema, que aparecia em diversos poemas da turma e que decidi utilizar também.

    A última parte é inspirada na Alluana Ribeiro, que não fazia a oficina conosco, mas que convivia comigo nessa época. Sempre achei que ela queria tudo ao mesmo tempo e esse poema é para falar de como, vai ver, essa atitude pode ser crucial.

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  2. Lucas, que lindo! Obrigada!
    Você floreou meu dia. Muitos beijos.

    Alluana

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