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I
A embromação das bromélias
cintila. Senti-la é coisa de
inseto. Exceto quando estamos
juntos, no junco... Fujo, urge
algo em mim, um ungüento!
Sim, por fim o estorvo, o retorno
às bromélias, a eterna embromação
das bromélias que cintila.
II
O delírio dos lírios:
Lançar folhas como
lanças verdes que vertem
laterais, perfilam o tempo-
espaço fincando o compasso
da ferida de onde se levanta
seu propósito (uma leucócita
flor branca
III
Não fosse o querer tudo
ao mesmo tempo
das abelhas que voam
de flor em flor
talvez não houvesse
a primavera
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Este poema é um reflexo direto de duas influências: a segunda oficina de poesia do professor Paulo Henriques Britto e o tempo que passo em minha varanda com minhas plantas.
ResponderExcluirDa oficina, veio o contato com uma turma maravilhosa. Nessa época lembro da influência botânica que o estudo da obra da Cláudia Roquette-Pinto exerceu na Isabel Diegues, o que acabou me influenciando também.
O jeito Luiz Coelho de cortar os versos também está aqui — se bem me lembro ele também me ajudou a trabalhar esses poemas aqui em casa. A divisão em partes I, II e III lembra a forma como o próprio Paulo Britto divide os poemas de seus livros.
E, por fim, a inusitada palavra "ungüento", com o finado trema, que aparecia em diversos poemas da turma e que decidi utilizar também.
A última parte é inspirada na Alluana Ribeiro, que não fazia a oficina conosco, mas que convivia comigo nessa época. Sempre achei que ela queria tudo ao mesmo tempo e esse poema é para falar de como, vai ver, essa atitude pode ser crucial.
Lucas, que lindo! Obrigada!
ResponderExcluirVocê floreou meu dia. Muitos beijos.
Alluana